segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Homenagem ao meu avô II
Toda a sabedoria resumida a um folego.
Olhos cansados, pulmões abafados;
o sono entrega-lhe a idade, a respiração
a dificuldade. Silenciosamente me encontro
ao teu lado. Eu observo. Cada vem e vai do
teu peito e aguardo. Aguardo cada vez mais aflito
o momento em que o movimento irá parar. A última lágrima
por tuas rugas escorre e se recolhe na externa, cujo
tamanho reflete um sábio que também soube ouvir.
Tuas mãos posicionadas como quem sabes tua hora;
a roupa arrumada revela a vaidade, mas a mensagem
deixa claro tua humildade.
Eu sonho e resonho, mas não deixo de viver, sei que um
dia vou perder você. Eu tento não ver os dias passar, de
alguma forma fazer o tempo parar. Ensinaste-me bem e
entendo que um dia todos partiremos. Mas impossível seria não
estar sofrendo.
Eu escrevo, reescrevo e desejo que um dia o mundo saiba sua história.
Amo você.
Do seu neto,
J.P.R.A.
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