quarta-feira, 20 de março de 2013

memor


É um imenso corredor úmido, escuro e frio.
Infinitas portas o fazem.
Infinitas portas deixam passar sons que o fazem.
São gritos de dor, prazer, rancor;
Mas são gritos. Sempre gritos.
São gritos cansados, roucos, de gargantas arranhadas pelo orgulho de quem feriu.
São gritos que não querem esconder o prazer de seus atos atrás das paredes de um quarto.
E o corredor segue frio.
O corredor segue escuro, úmido e molhado por lágrimas que por sob suas portas escorrem.
Lágrimas que trazem consigo uma nostalgia às reversas.
E o corredor segue frio.
Um molho de chaves na mão e nenhuma porta que se abra.
A agonia explode em minha mente um medo inexplicável.
E o corredor segue frio.
Cada vez mais estreito, as portas se aproximam de mim;
Os gritos, as lágrimas, cada vez mais perto, esmagam no meu peito um coração parado.
E o corredor segue frio.
Eu me arrasto, me rasgo nos espinhos que os gritos fazem nas paredes frias,
Escorrego e caio no molhado amargo dessas lágrimas.
Eu me entrego à esperança de uma última porta
Onde eu possa encontrar você e trancar esse corredor em um passado longe de nós dois.