quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

somniatis



A lua hoje cheia, brilha e ilumina
como o Sol pela manhã;
A fresta que esquecemos na janela
enchem meus olhos de pecado
com a luz que pouco a pouco
contorna seu corpo.
Delicado, liso, tentador.
A luz delicadamente a acaricia,
faz inveja à minha língua.
Na escuridão você some
e somente a sinto sobre mim,
um encaixe perfeito.
Estamos a sós com o pecado e nada
nos é proibido.
Amor, dor, um sexo sem pudor.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

syreni



Distante ouço e sigo seu canto,
Que mesmo de longe me encanta.
Me aproximo e sinto o frescor de seu
Corpo molhado e salgado que sobre
A rocha seca me observa.
O sol nascendo faz-te pouco a pouco
Desenha-te o corpo; as pernas cobertas
Das mais belas escamas que esse mar já viu.
Os seios fartos que tímidos escondem-se
Sob o dourado raro desse véu que faz teus cabelos.
A boca rosada e delicada que guarda
Dentro de si o mais lindo sorriso.
O sol chega a seus olhos e vejo o oceano
Dentro de ti.
O mar agitado me leva do barco
E afundo, e afogo, e morro em ti.

domingo, 23 de junho de 2013

Aime


Amar é gratificar-me de tua presença em meu olhar.
É abdicar-me de meus conceitos;
Conceituar-te ser perfeito.
É sentar-me a janela e esperar no tempo a vinda tua.
É observar no tempo o tempo que virá
e junto dele a paz ao ver você chegar.
Ignorar por completo minha razão e
valorizar os gritos do coração.
Atender aos clamores que dentro de mim
surtam e uivam esperando você ouvir.
É esquecer-me de mim e ignorar a felicidade
fria e morta que no meu peito hoje chora;
Porque amar, meu bem, é sofrer.

domingo, 26 de maio de 2013

abysso


Eu vejo o chão perder-se diante de meus pés;
Caio no abismo da realidade,
Rumo ao verdadeiro inferno.
As paredes quentes desse poço
Marcam minha pele de repugnantes feridas.
Braços ensanguentados de tantas
Mentiras tentam segurar minha queda;
Tentam segurar-me contra a parede,
Desfigurando meu rosto esnobe num mar de risos.
Sufocam-me a alma para que chegue vazio de mim
O meu corpo ao fundo desse lugar escuro.
Ouço de longe um urro celestial.
Um cântico de dor; de um anjo que me guarda,
De asas queimadas e vestes rasgadas;
Que não desistiu de mim.
Deslocam-se seus membros a me alcançar,
Cala-se sua voz de tanto clamar;
Sufoca-se no enxofre deste fim.
Sua presença vem me libertar;
Um anjo em meus braços ousou repousar.

domingo, 21 de abril de 2013

requiem


O banheiro tornou-se pequeno.
São tantas dores que a água não levou;
Preenchem o ar, impedem o respirar.
O vento hoje parou de soprar, e a tristeza que ele costumava levar, hoje resolveu ficar.
A chuva atrapalhou meus planos, jogou ao chão os sonhos e eu fiquei aqui.
Não sei se choro ou a água não parou de cair.
A solidão é tanta e tamanha e ninguém pode me ver.
Estou preso, perdido em meus pensamentos.
Atordoado com minhas angústias.

O lápis seca, o papel rasga..
A lua esquenta, o sol apaga.
Tudo tão diferente, estranho.
Se o que vivemos foi um sonho, errei a porta da realidade,
estou em um pesadelo.

quarta-feira, 20 de março de 2013

memor


É um imenso corredor úmido, escuro e frio.
Infinitas portas o fazem.
Infinitas portas deixam passar sons que o fazem.
São gritos de dor, prazer, rancor;
Mas são gritos. Sempre gritos.
São gritos cansados, roucos, de gargantas arranhadas pelo orgulho de quem feriu.
São gritos que não querem esconder o prazer de seus atos atrás das paredes de um quarto.
E o corredor segue frio.
O corredor segue escuro, úmido e molhado por lágrimas que por sob suas portas escorrem.
Lágrimas que trazem consigo uma nostalgia às reversas.
E o corredor segue frio.
Um molho de chaves na mão e nenhuma porta que se abra.
A agonia explode em minha mente um medo inexplicável.
E o corredor segue frio.
Cada vez mais estreito, as portas se aproximam de mim;
Os gritos, as lágrimas, cada vez mais perto, esmagam no meu peito um coração parado.
E o corredor segue frio.
Eu me arrasto, me rasgo nos espinhos que os gritos fazem nas paredes frias,
Escorrego e caio no molhado amargo dessas lágrimas.
Eu me entrego à esperança de uma última porta
Onde eu possa encontrar você e trancar esse corredor em um passado longe de nós dois.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Arco-íris


Os olhos se enchem das mentiras que fazem a sua doce boca.
Das verdades que o seu coração esconde, eu conheço a ilusão.
Se paro por um só instante para tentar, talvez, entender o que se passa,
certamente meus olhos acompanhariam os seus.
As dúvidas nos acompanham, mas as mesmas nos trouxeram a certeza.
Talvez nada falte, talvez há demais.
Compreender é o verbo mais inclassificável no momento, mas o cabível.
As palavras escorrem pela minha face; gostaria eu que levassem junto todo o sentimento.
Pode ser que se explodirmos juntos, tudo o que nos incomoda se vá;
e possamos então viver o sonho.
Pode ser que nossos cacos nos machuquem.
A vida segue lá fora deste castelo que fizemos para nós dois,
e pode ser que seja a hora de seguirmos também.
A exaustão deixou claro que não houve desistência,
e nos permite dizer, sem medo, que lutamos até o fim.


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Babel


Palavras;
Profanadas, um caos.
Escondidas, um erro.
Palavras;
Um conjunto de letras que se afastam no mais desprezível ato de falar, de magoar, machucar.
Que deixam de unir-se em aconchegantes versos no papel.
Palavras que tiram do olhar o lubrificar;
Que deixam na cama promessas;
Que deixam na rua desprezos.
Que por serem apenas palavras serão esquecidas.
Palavras que do papel fogem e tornam-se vãs.
Palavras;
Audácias.